segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Atores de carne e osso... por enquanto!

O filme “A Lenda de Beowulf” de Robert Zemeckis prova que o cinema está no limiar, na fronteira de um dia poder dispensar os atores. Será mesmo? O filme foi todo finalizado em 3D utilizando-se uma técnica de captura de movimentos, onde atores reais utilizam sensores que o computador vai transpondo para personagens computadorizados.
No caso de Beowulf, Zemicks ainda pegou emprestado os rostos dos atores que usaram as máquinas de captura, que não por coincidência são astros consagrados do calibre de Angelina Jolie, Anthony Hopkins e John Malcovich. Essa mesma estratégia, Zemicks utilizou no filme “O Expresso Polar” onde o astro computadorizado tinha a cara de Tom Hancks.

A minha pergunta é a seguinte: se ele está utilizando as feições, expressões e interpretações de atores de carne e osso, por que ele não filma com os atores ao invés de colocar clones computadorizados deles?

Para quem não está entendendo o que eu estou dizendo, vou explicar. Estes dois filmes - ou quem sabe dê pra chamar de desenhos animados – foram feitos em 3D, assim como desenhos como “A Era do Gelo”, “Vida de inseto” e outros do gênero. A diferença é que estes “desenhos” não têm a pretensão de imitar a realidade, enquanto Beowulf e Expresso sonham em ser filmes de verdade. Ou seja. São desenhos com crise de identidade.

Então, provavelmente, Zemicks estava querendo sair na frente, fazendo uma espécie de filme conceito? Mas se ele já tinha feito isso com “O Expresso Polar”, por que repetir a dose e fazer um segundo filme conceito? Robert Zemicks é um diretor consagrado, com uma filmografia respeitável, que além de filmes como “Tudo por uma esmeralda”, a série “De volta para o futuro”, tem na lista filmes “Oscarizados” como “Forest Gump o contador de histórias” e “Naufrago”. Além de ter como “padrinho”, ninguém menos que Steven Spielberg.

Beowulf quase assusta de tão realista que é. Em alguns momentos em que a história nos prende, quase dá pra esquecer que é tudo animação. Mas ao meu ver, o grande problema é que a todo momento cai a ficha e nos lembramos que é uma animação. E aí vem o assombro de novo, pois a como animação é simplesmente perfeita. É lógico que se a gente ficar procurando defeitos na animação vai achar um monte delas, principalmente no olhar vitrificado e distante dos personagens, mas na medida em que a história vai nos absorvendo, a gente fica mais tolerante.

Mas temos visto tanta evolução na produção em 3D, que não tenho dúvidas que em breve esta técnica vai estar beirando a perfeição, e aí teremos grande dificuldade de perceber o que é computação e o que é imagem real. Alias. Em algumas cenas de filmes “normais”, isto já está acontecendo. Então “A Lenda de Beowulf” é uma filme ou obra de arte em animação?

No ano de 507 a.C., o rei dinamarquês Hrothgar (Anthony Hopkins), sua jovem rainha Wealthow (Robin Wright Penn), e seu povo estão sujeitos a ameaças constantes do monstro Grendel (Crispin Glover), que mora numa caverna não tão distante, e que ataca e mata quando fica atormentado pelos festejos que ressonam do salão do rei.

Liderando um grupo de grandes guerreiros chega dos mares Beowulf, pronto para despachar o monstro desta para melhor. Enquanto o Hrothgar tem fé no recém chegado grupo, seu conselheiro Unferth (John Malkovich) não. Ele aproveita a todo momento para ridicularizar Beowulf e suas afirmações prepotentes de vitórias passadas. Quando Beowulf se encontra cara a cara com Grendel, o resultado da briga sela seu destino, levando-o a um caminho inesperado, um encontro com a sedutora mãe de Grendel (Angelina Jolie). O filme é baseado em um poema épico dinamarquês, do tempo que o povo daquelas paragens eram conhecidos pelo apelido carinhoso de Vikings.

Agora é esperar os próximos passos no avanço desta tecnologia de capturas e na qualidade da computação, mas se eu fosse ator de Hollywood, eu começaria a olhar o caderno de classificados.

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